quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

CONSTRUTORES DE MUROS - 15

 Temos considerado o avanço do misticismo, que busca atrair a nova geração, e falamos que existem mais três pedras que precisam ser colocadas no muro de proteção às crianças. No estudo anterior, abordamos a primeira delas: Reconhecimento do poder sobrenatural de Deus.


Neste estudo, vamos tratar das outras duas pedras.

2ª PEDRA – RECONHECIMENTO DO PODER DA PALAVRA DE DEUS

Tristemente, observamos que a Palavra de Deus tem sido deixada de lado por milhões e milhões de pessoas. Apesar de ser um dos livros mais vendidos em todo o mundo, poucas pessoas leem a Bíblia diariamente e nela meditam.

Consideremos a respeito da vinda do anticristo, que ocorrerá em uma “onda de eventos sobrenaturais e milagrosos”, como está registrado em 2 Tessalonicenses 2.9: “Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a ação de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios da mentira”. Na sequência, lemos que a característica principal dos que serão enganados e perecerão será o fato de rejeitarem abertamente a Palavra de Deus. Diz o texto que eles “não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo que Deus lhes envia a operação do erro, para darem crédito à mentira” (2 Tessalonicenses 2.10, 11).

Por esta razão, a Palavra de Deus precisa ser amada, meditada, estudada, vivida e pregada. É para dias como os nossos que se aplica a recomendação do apóstolo Paulo: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Timóteo 4.2-4).

Se analisarmos, com bastante cuidado, as mensagens que ouvimos hoje em dia, vamos perceber como é raro o tipo de pregação que expõe e segue exatamente o texto e o contexto lido. É verdade que algumas mensagens têm conteúdo bíblico, embora não sigam exatamente um determinado texto da Bíblia. Entretanto, uma boa parte do que se prega nem pode ser classificada como uma mensagem, de fato, bíblica; o que se expõe são muito mais mensagens cheias de conselhos psicológicos, estimulando a autoestima e a autoajuda. As pessoas, hoje, querem ouvir mensagens confortadoras, que produzam alegria, bem-estar, satisfação, uma sensação agradável, um senso de triunfo, algo sensacional.

Por outro lado, quando a Bíblia é fielmente anunciada, destacando a verdade de Deus, então a Palavra, qual espada de dois gumes (como lemos em Hebreus 4.12, 13), penetra no mais íntimo da personalidade para mostrar o erro. E “não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.”

A Palavra de Deus expõe com clareza aquilo que o homem é, não deixando nada encoberto. A Bíblia aponta o mal, desde a sua raiz. Mensagens não bíblicas acobertam o pecado, ao passo que mensagens bíblicas o expõe. E a Bíblia é, também, a única maneira de corrigir o que está errado. É um espelho que mostra o defeito, mas também tem o poder de corrigi-lo, de purificar o coração. O próprio Senhor Jesus foi quem disse: “Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho falado”. Que poder!

Em Tiago 1.21 lemos: “Despojando-vos de toda a impureza e acúmulo de maldade, acolhei com mansidão a palavra em vós implantada”. A Palavra acolhida no íntimo vai produzindo uma transformação total. É escondendo a palavra do Senhor no coração que podemos ter vitória sobre o pecado (Salmos 119.11-ARC). É também o poder da Palavra que produz a própria regeneração: “a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus” (Romanos 10.17-ARC).

No ministério com as crianças, infelizmente, o tempo é gasto com muito teatrinho, filminho, historinha, musiquinha, lanchinho, fantochinho, mas falta ensino bíblico sério que inclua a memorização de versículos. É urgente que se levantem, em cada igreja, professores de crianças com visão e responsabilidade, que saibam transmitir lições bíblicas, com conteúdo, aos pequenos.

Só o conhecimento mais profundo da Palavra de Deus e a prática diária de seus ensinos podem nos preservar dos erros religiosos que assolam nossa época.

Outra pedra para ser bem colocada é:

3ª PEDRA – RECONHECIMENTO DO PODER DA GRAÇA DE DEUS

Nenhum de nós pode entender, com clareza e perfeição, o que significa a graça de Deus. “Pela graça vocês são salvos”, diz Efésios 2.8-NAA. Deus concede o seu favor tão imenso a pessoas que nada podem merecer.

Temos, da parte do Senhor, não somente a salvação pela graça, mas toda sorte de bênçãos em todas as áreas da vida. É pela graça que podemos viver uma vida santa e também ter vitória sobre as tentações, sobre os sofrimentos e sobre as dificuldades.

O apóstolo Paulo escreveu: “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2 Coríntios 12.9).

Se olharmos para o capítulo 11 desta mesma carta, veremos uma lista dos sofrimentos pelos quais o apóstolo Paulo havia passado, por amor ao evangelho. É surpreendente: “…em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez apedrejado, em naufrágio três vezes, uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias muitas vezes; em fome e sede, em jejuns muitas vezes; em frio e nudez. Além das cousas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (1 Coríntios 11.23-28).

Observamos ainda, no capítulo 12, que Paulo menciona o espinho na carne, pelo qual ele orou três vezes ao Senhor, pedindo que lhe fosse tirado. Talvez esse “espinho” fosse um problema de saúde, não sabemos com certeza. No entanto, para o apóstolo, o poder de desfrutar da graça de Deus era muito melhor do que o poder de simplesmente tirar o “espinho”.

Reconhecer o poder da graça de Deus é o caminho para que sejamos humildes e totalmente dependentes do Senhor.

Por causa do poder da graça do Senhor, podemos ainda encontrar razões para agradecer e louvar a Deus, quando as situações adversas e contrárias surgem, pois são nestas situações que o poder de Deus se manifesta em nossas vidas.

Em uma época em que o apelo é para se conseguir saúde, riqueza, prosperidade, curas, milagres, sinais e maravilhas, há um “pequenino rebanho” (Lucas 12.32) que se contenta com a maravilhosa graça de Deus e pode assim suportar as mais variadas tribulações.

Finalmente, nesta época de tanto misticismo e ocultismo, como Construtores de Muros necessitamos reconhecer:

  • O poder sobrenatural de Deus.
  • O poder da Palavra de Deus.
  • O poder da graça de Deus.

Que o Eterno Deus nos ajude a construir esses muros, de maneira que nossas crianças sejam conduzidas a estes mesmos reconhecimentos, na plena certeza de que o Senhor “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós”; e nossa oração de louvor seja como a de Paulo: “a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém” (Efésios 3.20, 21).

No próximo estudo concluiremos esta série. Não perca.

Pr. Gilberto Celeti
Missionário na APEC, professor, palestrante e escritor

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