sexta-feira, 24 de novembro de 2023

CONSTRUTORES DE MUROS – 05: DUAS PEDRAS SÓLIDAS NO MURO DA DEVOÇÃO E AMOR A DEUS

 Finalizamos o texto anterior com uma oração: “Ó Deus, que choremos vendo o estado de ruína em que se encontra a nova geração e que, com oração e jejum, trabalhemos com a mesma disposição demonstrada por Neemias, levantando muros, não físicos para a proteção de uma cidade, mas muros espirituais, para a proteção de uma geração que brevemente ocupará todos os postos da sociedade”.


O AFASTAMENTO DA PALAVRA DE DEUS

Ao longo da história da igreja, a negligência no ensino da Palavra de Deus aos filhos, aliada à aceitação de ideias (ideologias) populares, mundanas, religiosas e mesmo diabólicas, tem sido a causa principal do afastamento das novas gerações da verdade de Deus, conforme estabelecida na Escritura Sagrada.

Em cada época, a existência de uma liderança irresponsável tem sido uma tragédia. O Senhor Jesus alertou sobre o surgimento de falsos profetas (veja Mateus 24.23-26). Há também uma palavra de alerta impactante do apóstolo Paulo ao despedir-se dos líderes da igreja em Éfeso, onde estivera servindo e ensinando. Paulo afirmou: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, aparecerão no meio de vocês lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que até mesmo entre vocês se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás de si. Portanto, vigiem, lembrando que, durante três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, cada um de vocês. Agora, pois, eu os entrego aos cuidados de Deus e à palavra da sua graça, que tem poder para edificá-los e dar herança entre todos os que são santificados” (Atos 20.28-31).

O que fazer diante destes alertas? Paulo deu preciosa orientação: “Agora, pois, eu os entrego aos cuidados de Deus e à palavra da sua graça, que tem poder para edificá-los…” (Atos 20.32). Quão fundamental é a Palavra de Deus. E o Senhor Jesus no texto indicado acima, faz esta afirmação inquestionável: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mateus 24.35). Que nunca sejamos conduzidos por palavras de quem quer que seja, e sim pela Escritura Sagrada, porque “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16,17).

Líderes corrompidos e desviados do padrão estabelecido por Deus em Sua palavra ficam incapacitados para orientar os fiéis nas questões éticas, morais, sociais e espirituais. Eles assimilam conceitos religiosos contrários ao ensino da Bíblia. Esta assimilação é chamada de sincretismo religioso. Isto torna-se uma real abominação diante de Deus, e surgem as diversas religiões, inclusive chamadas de cristãs, mas com aceitação de conceitos, doutrinas e ideias que não tem o respaldo da Bíblia.

Os profetas bíblicos denunciaram e alertaram sobre este problema de sincretismo, que sempre acompanhou o povo de Israel e de Judá. Veja esta palavra do profeta Sofonias: “Estenderei a mão contra Judá e contra todos os moradores de Jerusalém. Exterminarei deste lugar o resto de Baal e a lembrança dos ministros dos ídolos e seus sacerdotes. Exterminarei os que sobre os terraços adoram o exército do céu e os que adoram o Senhor e juram por ele e também por Milcom. Farei desaparecer também os que deixam de seguir o Senhor e os que não buscam o Senhor, nem perguntam por ele” (Sofonias 1.4-6).

Não é uma tristeza imensa verificar que há igrejas, consideradas cristãs, em que a idolatria é praticada? Em muitos países, que são hoje chamados de países “cristãos”, cidades e mais cidades têm as suas principais festividades associadas a algum ídolo, que ali é venerado. Uma triste realidade é que as crianças, geralmente, são envolvidas nessas festividades.

O que de fato ocorreu é que, passo a passo, as pessoas se aproximaram de afirmações tidas como verdadeiras (as tão conhecidas “fake news”), mas que não estão em conformidade com a Bíblia e, sim, com o que se classifica hoje como a Tradição (as narrativas) da Igreja. Surgiu uma cristandade (uma igreja) firmada na tradição e não na Bíblia. Os muros da fidelidade à Palavra de Deus foram abalados.

REFORMA PROTESTANTE – UMA VOLTA À AUTORIDADE DA BÍBLIA

Na época em que Marinho Lutero viveu, os muros estavam desmoronados. Embora muitos outros homens de Deus já se tivessem apercebido e lutado contra aquela situação caótica, Lutero teve uma importância extraordinária, por sua coragem ao enfrentar o poder religioso do Romanismo, lançando os fundamentos para erguer o “muro”, que ficou conhecido como a Reforma Protestante, na verdade uma volta à autoridade da Bíblia.

Entre as várias preocupações de Lutero, é interessante destacar seu interesse pelas crianças e a importância que ele deu ao ensino da Palavra de Deus aos pequeninos. É dele uma frase bem desafiadora: “Ninguém deveria tornar-se pai a menos que seja capaz de instruir os seus filhos nos Dez Mandamentos e nos Evangelhos, e que, antes de tudo, deseje que os seus filhos sejam instruídos nas realidades espirituais.”

Já examinamos anteriormente alguns textos no Antigo Testamento que deixam bem claro que esta negligência dos pais em obedecer a Deus, ensinando as realidades espirituais aos seus filhos, foi o grande pecado que o povo de Israel cometeu. As gerações que foram surgindo não sabiam quem era o Senhor, nem o Seu poder e nem as Suas maravilhas. Uma verdadeira tragédia! E os muros ficaram caídos.

O plano de Deus para as crianças sempre foi que tivessem pais e famílias que construíssem muros seguros para protegê-las. Sim, com paredes seguras de devoção e de amor ao Senhor, com paredes seguras de ensino dos princípios eternos. Veja bem que Moisés, falando aos israelitas que estavam prestes a entrar na Terra Prometida, após deixar bem claros os dez mandamentos do Senhor, transmitiu-lhes a ordem de Deus: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Deuteronômio 6.6, 7).

Instruir os filhos nos Dez Mandamentos, como disse Lutero, é construir um muro sobre um alicerce sólido. Papais e mamães: saber edificar esses muros na vida de seus filhos é o mais prioritário dos deveres. Ninguém deveria tornar-se pai a menos que seja capaz de instruir os seus filhos nos Dez Mandamentos e nos Evangelhos, e que, antes de tudo, deseje que os seus filhos sejam instruídos nas realidades espirituais.

COLOCANDO PEDRAS BEM SÓLIDAS NO MURO

PRIMEIRA PEDRA – DEUS QUER QUE SAIBAMOS QUE HÁ UM ÚNICO DEUS

Vamos considerar a importância do ensino dos Dez Mandamentos para a construção do muro de proteção, ou seja, do muro da devoção e amor a Deus. A primeira “pedra” do muro tem a ver com o relacionamento, nosso e dos nossos filhos, com Deus. A primeira pedra é esta verdade: Deus quer que saibamos que há um único Deus, e que Ele deve ser amado acima de tudo, como está escrito: “Ame o SENHOR, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força” (Deuteronômio 6.5).

O ensino dos dois primeiros mandamentos deixa esta verdade muito clara:

1º Mandamento – “Não tenha outros deuses diante de mim” (Deuteronômio 5.7).

As crianças precisam compreender a loucura da idolatria. Foi Lutero quem afirmou: “Aquilo que uma pessoa mais ama, isso é o seu Deus!” Talvez esteja aí a chave para entender o porquê de os muros estarem caídos: falta amor para com Deus. Colocamos diversas coisas e pessoas em primeiro lugar e não o Senhor. Nossos filhos percebem o que é que nos motiva, nos norteia, nos impulsiona. Eles percebem muito bem se pautamos nossa vida com base nas realidades espirituais ou nas realidades terrenas e seculares.

A grande tragédia na história da humanidade, século após século, tem sido exatamente a desgraça da idolatria. É estarrecedor ver com que facilidade Satanás ilude os povos, para que adorem objetos, lugares, animais, pessoas, estrelas, enfim não há limite para a loucura da superstição e da idolatria!

2º Mandamento – “Não faça para você imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, seu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Deuteronômio 5.8-10).

O profeta Isaías, em seu livro, capítulo 44, versos 9 a 20, de maneira magistral registrou:

“Todos os artífices de imagens de escultura são nada, e as coisas que eles tanto estimam não têm valor nenhum. Eles mesmos são testemunhas de que elas nada veem, nem entendem, para que sejam envergonhados. Quem formaria um deus ou fundiria uma imagem de escultura, que não tem valor nenhum? Eis que todos os seus seguidores ficarão envergonhados, pois os artífices não passam de homens. Que todos eles se reúnam e se apresentem! Sentirão pavor e, todos juntos, serão envergonhados.

“O ferreiro pega uma ferramenta e trabalha nas brasas; vai moldando um ídolo com o martelo e forja-o com a força do seu braço. Ele tem fome e perde as forças; não bebe água e desfalece.

“O carpinteiro estende o cordel sobre a madeira e, com o lápis, esboça uma imagem; alisa-a com plaina, marca com o compasso e faz uma escultura à semelhança e beleza de um ser humano, para ser colocada num templo.

“Um homem corta para si cedros, toma um cipreste ou um carvalho, fazendo escolha entre as árvores do bosque; planta um pinheiro, e a chuva o faz crescer. Tais árvores servem ao homem para queimar; com parte de sua madeira ele se aquece e também assa o pão; com a outra parte ele faz um deus e se prostra diante dele; esculpe uma imagem e se ajoelha diante dela. Metade queima no fogo e com ela assa a carne para comer; faz um assado e dele se farta; também se aquece e diz: ‘Ah! Já estou aquecido! E como é bom olhar para o fogo’. Do resto ele faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, prostra-se e lhe dirige a sua oração, dizendo: ‘Livra-me, porque tu és o meu deus’.

“Nada sabem, nem entendem, porque os olhos deles estão grudados, para que não vejam, e o coração deles já não pode entender. Nenhum deles cai em si, já não há conhecimento nem compreensão para dizer: ‘Metade da madeira queimei e sobre as brasas assei pão e carne para comer. E será que daquilo que restou eu faria uma abominação? Deveria eu me ajoelhar diante de um pedaço de madeira?’

“Tal homem se apascenta de cinza; o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: ‘Não é uma mentira isso que tenho em minha mão?’”

Quando examinamos o que Paulo fala a respeito de sua época – que é, em tudo, tão semelhante à nossa própria época –, percebemos que a situação corrompida, ímpia e imoral é fruto exatamente de uma atitude idólatra. O apóstolo escreveu:

“A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injustiça dos seres humanos que, por meio da sua injustiça, suprimem a verdade. Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis.

“Porque, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração insensato deles se obscureceu. Dizendo que eram sábios, se tornaram tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens semelhantes ao ser humano corruptível, às aves, aos quadrúpedes e aos répteis.

“Por isso, Deus os entregou à impureza, pelos desejos do coração deles, para desonrarem o seu corpo entre si. Eles trocaram a verdade de Deus pela mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito para sempre. Amém!

“Por causa disso, Deus os entregou a paixões vergonhosas. Porque até as mulheres trocaram o modo natural das relações íntimas por outro, contrário à natureza. Da mesma forma, também os homens, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo indecência, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.

“E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a um modo de pensar reprovável, para praticarem coisas que não convêm. Estão cheios de todo tipo de injustiça, perversidade, avareza e maldade. Estão cheios de inveja, homicídio, discórdia, engano e malícia. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes, orgulhosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, desleais, sem afeição natural e sem misericórdia. Embora conheçam a sentença de Deus, de que os que praticam tais coisas são passíveis de morte, eles não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam” (Romanos 1.18-32).

Exatamente a falta desta primeira pedra – há um só Deus, que deve ser adorado e obedecido – é o que arruína toda a sociedade humana.

SEGUNDA PEDRA – DEUS QUER QUE TENHAMOS CUIDADO COM A NOSSA LÍNGUA

A segunda pedra deste muro é um alerta: Deus quer que tenhamos cuidado com a nossa língua! Este ensino fica nítido no terceiro e no nono mandamentos:

3º Mandamento – “Não tome o nome do Senhor, seu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Deuteronômio 5.11).

O muro do respeito para com o nome de Deus está caído. É preciso assumir um sério compromisso para não sermos culpados deste terrível mal, que incomoda os ouvidos a todo instante, em toda e qualquer conversa: o uso do nome de Deus indevidamente. É o que está na boca de todos, sem nenhum respeito e consideração para com o Eterno Deus, o Criador do universo. Temos que reparar essa pedra em nossa vida, como pais, e ajudar a edificá-la em nossos filhos.

Mesmo aqueles que estão envolvidos em atividades de ensino, de aconselhamento e de pregação da Palavra de Deus têm caído neste triste pecado de usar o nome de Deus indevidamente, de forma vulgar e vã, como um chavão. Isso não é correto. Confessemos este triste pecado e tenhamos cuidado ao usar o nome do Eterno Deus.

A nova geração precisa ganhar a consciência da grandeza do Senhor e da reverência que Lhe é devida, inclusive reverência para com o Seu nome. O apóstolo Paulo fez uma afirmação em relação aos crentes de Corinto, que pode ser muito bem aplicada aos crentes, em toda e qualquer cidade deste planeta: “Não se enganem: ‘As más companhias corrompem os bons costumes’. Voltem à sobriedade, como convém, e não pequem. Porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus. Digo isto para vergonha de vocês” (1 Coríntios 15.33, 34).

É lamentável observar como a falta de conhecimento de Deus é gritante! Trabalhemos com toda disposição para que esta pedra seja bem ajustada na construção do muro de devoção e amor a Deus.

9º Mandamento – “Não dê falso testemunho contra o seu próximo” (Deuteronômio 5:20).

Semelhantemente, não devemos abrir os lábios para mentir, para denegrir pessoas, para pecar por abuso verbal que machuca nos relacionamentos até dentro do lar e que, inclusive, machuca grandemente as crianças. Elas precisam ter esta pedra do muro bem alicerçada: a pedra de uma conversação que edifica.

Considere estas exortações:

  • Salmos 15.1-3 – “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que vive com integridade, que pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; aquele que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho.”
  • Provérbios 6.16-19 – “Seis coisas o Senhor Deus odeia, e uma sétima a sua alma detesta: olhos cheios de orgulho, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que faz planos perversos, pés que se apressam a fazer o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia discórdia entre irmãos.”
  • Efésios 4.25 – “Por isso, deixando a mentira, que cada um fale a verdade com o seu próximo, porque somos membros do mesmo corpo.”
  • Efésios 4.29 – “Não saia da boca de vocês nenhuma palavra suja, mas unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.”
  • Efésios 5.4 – “Não usem linguagem grosseira, não digam coisas tolas nem indecentes, pois isso não convém; pelo contrário, digam palavras de ação de graças.”

Há necessidade urgente de falarmos e ouvirmos palavras que comuniquem “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama” (Filipenses 4.8), em suma, tudo que é virtuoso e elogiável. Trabalhemos com toda disposição para que esta pedra também seja bem ajustada na construção do muro de devoção e amor a Deus.

Não deixe de ler a continuação no próximo texto.

Pr. Gilberto Celeti
Missionário da APEC, professor, palestrante e escritor

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