No artigo anterior ficamos com uma interrogação a respeito do povo de Israel. Será que os pais seriam obedientes ao mandamento do Senhor e cumpririam sua responsabilidade para com as gerações seguintes?
Olhando para as gerações passadas
Após a entrada do povo de Israel em Canaã e as diversas vitórias na posse da terra, sob o comando de Josué, encontramos uma convocação solene de todo o povo, para a renovação da aliança com o Senhor, a fim de que decidissem se seguiriam ao Senhor verdadeiramente ou se iriam se inclinar diante dos ídolos. No final de seu livro, lemos que Josué lhes propôs uma escolha e o povo deu sua resposta: “Agora, pois, temam o Senhor e o sirvam com integridade e com fidelidade. Joguem fora os deuses que os pais de vocês serviram do outro lado do Eufrates e no Egito e sirvam o Senhor. Mas, se vocês não quiserem servir o Senhor, escolham hoje a quem vão servir: se os deuses a quem os pais de vocês serviram do outro lado do Eufrates ou os deuses dos amorreus em cuja terra vocês estão morando. Eu e a minha casa serviremos o Senhor. Então o povo respondeu: Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses!” (Josué 24.14-16).
Tragicamente, aquela decisão solene feita por todo o povo foi apenas da boca para fora, e não de coração, pois logo se afastaram do Senhor. O livro de Juízes registra que a falha de Israel em seguir ao Senhor foi exatamente na criação de seus filhos, pois lemos logo no capitulo 2 e versículos 8 a 11 que “Josué, filho de Num, servo do Senhor, morreu com a idade de cento e dez anos. Foi sepultado em sua própria herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. Toda aquela geração também morreu e foi reunida aos seus pais. E, depois dela, se levantou uma nova geração, que não conhecia o Senhor, nem as obras que ele havia feito por Israel. Então os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, servindo os baalins.”
Séculos mais tarde, Asafe – autor de 10 dos salmos, todos grandemente didáticos – de maneira magistral expõe o grande pecado do povo de Israel em toda a sua história, que foi precisamente não obedecer ao mandamento expresso em Deuteronômio 6. Uma leitura atenta do Salmo 78, notadamente os primeiros oito versículos, mostra a possibilidade do surgimento de dois tipos de geração:
- Uma geração que colocará em Deus a sua confiança e esperança, que não se esquecerá dos feitos de Deus e que observará os mandamentos do Senhor (verso 7).
- Uma geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não será fiel a Deus (verso 8).
Para uma geração depositar sua confiança e esperança no Senhor, basta aos pais a obediência às ordens claras do Senhor e o empenho em levar as crianças ao conhecimento de Deus, de Seu poder e das maravilhas que Ele realiza: “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez” (versos 3 e 4).
É certo que a obra no coração de uma criança – de convencer do pecado, da justiça e do juízo – é feita pelo Espírito Santo de Deus, mas nada acontecerá sem que cumpramos a nossa parte, que consiste em “contar, sem encobrir nada” a respeito do Senhor. Lembre-se de Romanos 10.14: “Como crerão naquele de quem nada ouviram?”
Para uma geração se tornar rebelde, basta a negligência em transmitir aos pequeninos as grandezas de Deus, o Seu poder e as Suas obras maravilhosas. Sim, basta a desobediência às ordens claras do Senhor Deus que “estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos” (Salmo 78.5).
É sempre surpreendente constatar a inércia e o desinteresse em efetivamente pregar às crianças o evangelho de Cristo. A falta de visão com relação ao ministério com as crianças é uma das mais tristes realidades que se observa, em todas as épocas.
Olhando para as gerações atuais
Hoje em dia, quando observamos os indivíduos das gerações X, Y e Z, e vemos quantos estão envolvidos com drogas, álcool, sexo, violência, abuso, humanismo, consumismo, seitas falsas e com clara postura contrária a Deus, evidencia-se que houve negligência e desobediência em relação à evangelização das crianças. Alguns pais podem alegar: “Mas levei minha criança à igreja!”. Talvez essa criança foi “igrejada” porém não foi “evangelizada”. Em relação à geração Alfa, a pergunta preocupante é: o que será dos pequeninos dessa geração, cujo cuidado e ensino estão sendo “terceirizados”? Quem vai se empenhar em contar-lhes sobre o amor de Deus e o Salvador Jesus?
Quando se fala em evangelização, o que muita gente imagina é aquela ação de buscar as vidas destruídas pelo pecado. Seria um trabalho do tipo “pronto-socorro espiritual”, em que o sangue de Cristo é o remédio para curar e libertar. Louvado seja Deus por isto! É claro que este tipo de trabalho é precioso. Agora, me responda:
– Por que não evangelizar os pequeninos, antes que caiam em um estado de perdição tão triste, como hoje se vê na juventude e em muitos adultos?
Olhando para as gerações futuras
À medida que as crianças crescem, aproximam-se de uma encruzilhada: de um lado está o caminho que leva para um abismo de pecado e rebelião; do outro, o caminho de uma vida útil e de obediência ao Senhor. Para que lado seguirá a sua criança?
Evangelizar é contar de maneira singela o que Deus fez para nos salvar. O apóstolo Paulo resume com estas palavras: “Antes de tudo, entreguei a vocês o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.3, 4).
Evangelizar as crianças, e ganhá-las ainda pequeninas para Jesus Cristo, assemelha-se ao trabalho de construir um muro para evitar que caiam no abismo de uma vida pecaminosa e inútil. Bendito seja Deus por despertar pessoas para tão nobre tarefa, a tarefa da construção de muros.
Será você um daqueles que vai construir o muro de proteção para que não surja uma nova geração rebelde?
Não deixe de ler a continuação no próximo texto.
Pr. Gilberto Celeti
Missionário da APEC, professor, palestrante e escritor
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