Já falamos que os construtores de muros, isto é, os pais e os cristãos que atuam como professores de crianças, devem conhecer as boas pedras que precisam ser colocadas no muro de proteção que estão erguendo: o poder sobrenatural de Deus, o poder da Palavra de Deus e o poder da graça de Deus.
Até aqui verificamos como as crianças estão crescendo em uma sociedade marcada pelo egoísmo e pelo hedonismo. Tratamos neste artigo sobre mais uma marca de nossa sociedade: o misticismo.
1. A INFLUÊNCIA DO MISTICISMO
A partir da última década do século XX e continuando até nossos dias, temos observado que, em todas as nações, as pessoas estão crendo, com extrema facilidade, em tudo o que se apresenta como misterioso e sobrenatural.
Há também uma tendência muito acentuada ao sincretismo, que nada mais é do que a fusão de diferentes elementos das mais variadas religiões. Inclusive, colocam novamente em evidência os antigos cultos do paganismo: dos povos bárbaros do norte da Europa, dos romanos, dos gregos e das religiões africanas, indígenas e orientais.
Este sincretismo é percebido na atitude das pessoas que buscam o que há de melhor em cada experiência religiosa, e vão juntando para formar algo que funcione, que dê certo, que promova uma determinada “experiência”.
Não há o mínimo interesse com a Verdade. Afirmam que a verdade é algo relativo. Para eles, o que importa é ter uma experiência agradável. E anunciam que alguém pode ter esta experiência agradável de diversas maneiras: visões esotéricas, êxtases fascinantes, maravilhas, sinais, meditações transcendentais, buscas mais profundas de espiritualidade, contatos com seres angelicais, contatos com seres extraterrestres, experiências paranormais, desenvolvimento intuitivo, percepções divinas, revelações especiais etc.
Neste contexto, vemos uma enxurrada de “influencers” atuando com mensagens recheadas de autoajuda com jeito de espiritualidade. Os serviços de Coaching e Mentoria estão atraindo seguidores de maneira espantosa.
O uso dos meios de comunicação disponíveis facilita um intercâmbio cada vez maior de práticas religiosas entre os povos. Por meio da televisão, do rádio, dos jornais, das revistas e da internet são divulgados os mais variados cultos e tradições religiosas de todas as partes do mundo. Além de divulgação, também há um esforço em promover o proselitismo. Muitos grupos estão lançando suas redes para conseguir o maior número de adeptos. Pelo desejo de crescer, e de não perder os seus próprios membros, alguns grupos lançam mão de práticas místicas. O que se observa, então, é que há multidões caindo no misticismo.
É muito comum hoje vermos líderes religiosos se apresentarem como aqueles que trazem a palavra diretamente de Deus; como aqueles que têm uma intimidade com Deus superior aos demais; como aqueles que têm a força da oração mais poderosa; como aqueles que podem identificar os que estão doentes e administrar a necessária cura; como aqueles que sabem lidar com os demônios. Apresentam-se como seres quase sobrenaturais, que podem ministrar a cura, o perdão, a prosperidade, a libertação etc. Esta auréola de misticismo impressiona e atrai as multidões. Este neo-esoterismo está presente de forma cada vez mais patente, em toda parte, de muitas maneiras: venda de produtos místicos, viagens a lugares religiosos e místicos, palestras espiritualistas, rituais coletivos, medicinas alternativas e outras.
2. O INTERESSE DO MISTICISMO PELAS CRIANÇAS
As crianças são envolvidas pelo ambiente do misticismo por meio dos desenhos animados, dos games, dos jogos, das músicas, da literatura e do folclore, quando estes apresentam temas ligados ao sobrenatural, tais como comunicação com os mortos, reencarnação e satanismo mesmo!
No início deste século, os esotéricos apresentaram o conceito de crianças índigo, por meio de literatura, filmes e até novelas. O nome “criança índigo” tem a ver, conforme a compreensão deles, com a cor da aura dessas crianças, que desde então estão nascendo.
Baseados na doutrina da reencarnação, estes místicos afirmam que essas crianças são seres que estão em uma esfera de evolução mais elevada e que estão reencarnando a fim de fazer mudanças para a melhoria da vida aqui na terra. São crianças superiores, fascinantes, fantásticas, fabulosas e que têm percepções de realidades tais como: ver anjos, prever acontecimentos e viver em um mundo paralelo em contato com fadas, duendes e bruxas.
É interessante notar a facilidade com que tantas pessoas aceitam e acreditam nestes discursos confusos, ilusórios e nocivos. Como alguém pode assimilar mensagens mirabolantes e ilusórias, virando as costas para a realidade e a verdade, deixando-se dominar por uma fantasia? Essa atitude nos leva a concordar com uma frase de G. K. Chesterton: “Quando as pessoas não acreditam em Deus, não é que elas não acreditam em nada, elas acreditam em qualquer coisa.”
Ao aceitarem essa teoria da criança índigo, os pais – que supõem ter uma ou mais dessas crianças em casa – acabam contemplando os filhos como uma espécie de “deuses”, a quem precisam considerar como seus instrutores. É uma completa loucura achar que:
- os filhos é que devem ensinar os pais;
- os filhos é que devem abençoar os pais;
- os filhos são os portadores de uma sabedoria superior à qual os pais devem se submeter.
Trata-se de um insano delírio. “Criança índigo” é um conceito que deveria nos encher de indignação, como disse o salmista: “De mim se apoderou a indignação, por causa dos pecadores que abandonaram a tua lei” (Salmos 119.53).
3. A QUESTÃO DA CRIANÇA ÍNDIGO E AS ESCRITURAS
Aquele que crê que a Palavra de Deus é “lâmpada para os seus pés” e “luz para os seus caminhos” (Salmos 119.105) busca pautar sua vida pelo que Deus diz e não pela sabedoria humana. Vamos comparar com a Palavra de Deus algumas das ideias, acima expostas, a respeito de crianças índigo.
Em relação à aura humana, apesar da disponibilidade de detectores de alta sensibilidade para campos eletromagnéticos e radiação eletromagnética, propriedades comumente atribuídas à aura, não existe nenhum estudo que demonstre empiricamente a sua existência. Ninguém, até o momento, conseguiu demonstrar essa habilidade de detectar auras, apesar do enorme número de pessoas que dizem ser capazes de tal feito. Uma das características da aura, de acordo com os seguidores dessa ideia, seria sua luminosidade. Mas a Bíblia diz que o homem ímpio, sem Deus, está no escuro. Em Colossenses 1.13, 14 lemos sobre Deus Pai: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o reino do Filho amado, em quem temos a redenção, a remissão dos pecados”.
Em relação à reencarnação, que talvez seja uma das mais antigas ilusões religiosas, a verdade sobre o assunto está claramente estabelecida em uma preciosa passagem bíblica que afirma: “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hebreus 9:27). A reencarnação, segundo os que nela acreditam, visa ao aperfeiçoamento ou evolução da pessoa. Mas a Bíblia afirma, em Efésios 2.8, 9, que o homem será salvo somente pela graça e não por obras. “Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.
4. A MANEIRA CORRETA DE OLHAR AS CRIANÇAS
Diferentemente dos místicos, a Palavra de Deus afirma que os filhos são “herança do Senhor” e precisam ser criados para Deus e na dependência dEle. Este foco no valor das crianças é importante, especialmente numa época em que pais, em alguns contextos, estão “terceirizando” a educação de seus filhos e, em outros contextos, estão literalmente “abusando” de seus filhos, que são vítimas de maus tratos, espancamentos e toques com as mãos sujas da pedofilia.
Jesus, em certa ocasião, colocou uma criança no centro das atenções dos seus discípulos, mostrando-lhes a necessidade de aprenderem a lição da humildade. Mostrou também a importância da criança, que deve ser bem recebida, como se recebêssemos o próprio Jesus. A criança deve ser tratada com respeito e dignidade, sem colocarmos tropeços na sua caminhada; não deve ser desprezada e deve ser alvo de cuidados especiais, assim como um cordeiro é alvo do cuidado de um pastor, porque não é da vontade de Deus que nenhum pequenino se perca.
O que deve ser buscado, portanto, é um equilíbrio entre valorizar a criança, tal como o Senhor a valoriza, ao mesmo tempo em que reconhecemos a imaturidade da criança e a necessidade que ela tem de receber orientação. “Ensine a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Provérbios 22.6).
Além de orientação, a criança necessita de disciplina, porque “a tolice está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Provérbios 22.15). A negligência na correção demonstra falta de amor pela criança, pois “o que retém a vara odeia o seu filho; quem o ama, este o disciplina desde cedo” (Provérbios 13.24).
A criança não é reencarnação de alguém que já tenha vivido no passado. Cada criança é formada e tecida no útero de sua mãe, tendo seu corpo e alma formados, de modo assombrosamente maravilhoso, por Deus. Nenhuma criança vem de alguma estrela distante ou de uma suposta vida passada. Elas vêm diretamente do poder criador de Deus, que as conhece plenamente desde quando eram ainda uma substância informe, enquanto seus membros, veias e ossos iam sendo formados. Leia o Salmo 139, versos 13 a 17.
Olhar da perspectiva da Palavra de Deus nos ajuda a ter os pensamentos corretos a fim de criar, ensinar, disciplinar e guiar as nossas crianças. É especialmente importante reconhecer que cada uma delas nasce com uma natureza pecaminosa, herança que trazem de seus pais (Salmos 51.5). Só uma criança nasceu neste mundo sem esta natureza pecaminosa, Jesus, porque Ele não foi gerado no ventre de Maria por um homem, mas pelo Espírito Santo de Deus.
Visto que a criança é pecadora, ela necessita ser evangelizada, isto é, ela precisa saber que Jesus é o Filho de Deus que veio a este mundo para nos libertar do pecado, o que de fato Ele fez ao morrer na cruz como substituto do pecador que nEle confia. Esta mensagem, como diz o conhecido cântico, “é fácil de entender, tão clara como a luz: em meu lugar pra me salvar Jesus morreu na cruz”. É tão singela que “mesmo uma criança pode crer”. Jesus disse: “Em verdade, em verdade lhes digo: quem crê em mim tem a vida eterna” (João 6.47).
Leve suas crianças, o mais cedo possível, a crer em Deus, colocando sua fé no Salvador Jesus, para que não sejam, como disse Chesterton, pessoas que venham no futuro a crer em “qualquer coisa”. Levar crianças à salvação em Cristo é o que garante a elas um abençoado futuro.
Nunca é demais repetir que é necessário, com urgência, ganhar para Jesus a geração que vem chegando. Lembremo-nos de que Deus mesmo foi quem ordenou aos pais que ensinassem aos seus filhos sobre o Seu poder e as Suas maravilhas, a fim de que a nova geração pudesse confiar no Senhor, sem jamais se esquecer de Suas obras e ser obediente à Sua Palavra. Pois, se não for assim, essa nova geração corre o risco de vir a se tornar uma geração rebelde e andar de maneira contrária à orientação do Senhor (conf. Salmos 78.4-8).
5. O PERIGO DA “MILAGREFOBIA”
Misticismo, neo-esoterismo, nova era, movimento holístico – são os nomes que marcam esta época. Há uma verdadeira sedução em todos os níveis da sociedade, como se toda a humanidade estivesse sendo preparada para uma só finalidade: participar de uma religião mundial, e adorar “o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou ó objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, apresentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Tessalonicenses 2.3-5).
Jamais devemos esquecer as palavras do próprio Senhor Jesus: “Então, se alguém disser a vocês: ‘Olhem! Aqui está o Cristo!’ ou: ‘Ali está ele!’, não acreditem. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando grandes sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Eis que tenho predito isso a vocês” (Mateus 24.23-25).
Hoje, mais do que nunca, é necessário ter medo de milagres. O termo “milagrefobia” foi sugerido pelo Rev. Elben M. Lenz César, fundador da Editora Ultimato, em um artigo no qual registrou: “Quanto mais falsa é uma crença religiosa, mais milagres anuncia”. Por isso, ele afirmava ter medo de milagres.
A Palavra de Deus afirma, de maneira a não deixar nenhuma dúvida, que a manifestação desta pessoa, o iníquo, será “segundo a ação de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que estão perecendo, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos” (2 Tessalonicenses 2.9, 10).
O que fazer? Oremos, confiemos no Senhor e sejamos encontrados entre aqueles que amam a Verdade, a fim de que nossas vidas sirvam de exemplo para as crianças e que elas sejam protegidas do misticismo.
No próximo artigo mostraremos as pedras para proteção das crianças, em uma época de misticismo como a nossa. Não perca.
Pr. Gilberto Celeti
Missionário na APEC, professor, palestrante e escritor
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